sábado, 4 de fevereiro de 2006

Nossa Senhora da Silva

Pouca gente sabe da existência de Nossa Senhora da Silva. Em Arouca muito menos. Mas, ninguém é obrigado a saber. Tanto mais, quando, tal como Dela própria, a maioria nem sequer saberá onde se situa a "ermida" de que é orago.
Eu próprio, na qualidade de interessado, ainda sei pouco. Contudo, amanhã de manha estarei na quase desconhecida ermida, que apenas conheço pelo exterior, dada a audiência que me foi concedida.
Mas, tratemos de saber um pouco mais sobre Nossa Senhora da Silva e qual o interesse que suscita a necessidade d'Ela melhor conhecer.
Nas palavras simples e resumidas do autorizado historiador da cidade do Porto, Germano da Silva, «Foi o padre Augusto de Vasconcelos, na sua “Descriptione Lusitaniae”, e o bispo D. Rodrigo da Cunha, no seu “Catálogo dos Bispos do Porto”, que registaram a lenda da Senhora da Silva. Diz antiga tradição que andando-se, no século XII, em tempo de D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques, a abrir os alicerces para a construção da Catedral do Porto, foi encontrada, entre uns silvados, uma imagem de pedra à qual foi dado o nome de Senhora da Silva. Foi tão grande a devoção que aquela rainha devotou à imagem que, quando morreu, D. Mafalda, conta Rodrigo da Cunha, deixou-lhe “todos os vestidos e louçaínhas que em seu guarda roupa se achassem e de que, ainda hoje (1623 é a data da edição do Catalogo) se conservam algumas no tesouro e mostram quanto menor era a vaidade daqueles que destes tempos, e de quão pouco se contentavam as rainhas portuguesas…”. Na Catedral existe o altar de Nossa Senhora da Silva representada por uma grande imagem de pedra mas ninguém sabe se é a da tradição.»
Porém, um pouco mais abaixo, na Rua dos Caldeireiros existe uma pequena "capela" (foto) de que Nossa Senhora da Silva é padroeira.
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Conheçendo já um pouco sobre Nossa Senhora da Silva, cabe, agora, dizer da necessidade d'Ela saber mais.
Para quem conheçe algumas das versões mais aceitáveis relativas à morte da Rainha Santa Mafalda e o alegado e curioso transporte numa mula até junto do altar de S. Pedro no Convento de Arouca, conforme a lenda, porventura já terá tomado conhecimento de que a Beata Mafalda, alegadamente, terá padecido nos arredores de Rio Tinto quando regressava duma das suas muitas romagens à Nossa Senhora da Silva. Devo dizer que não perfilho da tese da lenda.

Como fica bom de ver, questões interessantes se colocam: – Andará, tal como as versões da fundação das Albergarias na Serra de Fuste e em Rossas, a tradição da devoção, por Nossa Senhora da Silva, de Dona Mafalda, filha de Dom Sancho I, confundida com a de sua avó paterna a Rainha Dona Mafalda, mulher de Dom Afonso Henriques? Ou será que Dona Mafalda, monja em Arouca, seguiu a devoção a Nossa Senhora da Silva, iniciada pela mulher de Dom Afonso Henriques, de seu nome Dona Mafalda?
Pois bem! A certeza das datas de nascimento e falecimento, o local onde o padecimento terá ocorrido e em que circunstâncias, assim como todas estas questões que aparentemente se confundem, tem sido um dos temas trabalhados nos meus periodos de ócio.

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