quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

domingo, 20 de dezembro de 2009




sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Black Spot I, por Wassily KandinsKy
1912

sábado, 12 de dezembro de 2009

Luta de Cavalos no Estábulo, por Eugéne Delacroix
(1860)

Temos o Governo que merecemos?

O director deste semanário perguntou, na passada semana, Onde estão as elites? Eu creio que estão em casa, exiladas e em silêncio, trabalhando no anonimato e querendo manter toda a distância possível da chaga que alastra pelo país.
Podemos condená-las por tal atitude? Penso que não. Que poderiam elas fazer para competir com a horda de gente que ocupa as tribunas e a maioria dos lugares públicos? Se sabem escrever sem erros, se têm competência, se são honradas e não dependem do favor partidário, que motivos terão para se misturar? Estamos a falar de elites e não de classe dirigente. Há épocas, situações, circunstâncias, em que as expressões convergem, mas seguramente esse não é o nosso caso. Talvez isso explique as razões para estarmos como estamos e talvez isso nos faça perceber que, a despeito do que eu próprio sempre acreditei, as culpas não cabem todas na classe política. Quando as elites se exilam e o povo que vota pouco se importa com o facto de eleger pessoas condenadas pelos tribunais, ficamos com uma noção exacta do país em que nos transformámos.
Mas, afinal, qual a causa da nossa surpresa? No período pós-revolucionário varreram-se quadros competentes e sanearam- se cidadãos íntegros; e de então para cá, salvo honrosas excepções, assistimos ao que de pior poderia haver.
O povo parece pouco incomodado com os que roubam, desde que façam obra; a maioria das associações empresariais vivem dependentes do erário público e do favor político; muitos sindicatos estão subordinados aos cofres do Estado; os gurus do regime pulam de conferência em conferência, debitando teorias para o país, apesar de apenas conhecerem certos hotéis de Lisboa, o Palácio da Bolsa, no Porto, e algumas zonas do Algarve; e aqueles que o novo Estado designou, a seguir à revolução, de incultos foram simplesmente substituídos por autênticos patetas pedantes, sem princípios e sem qualquer noção de rigor e de ética.
Não chegámos aqui por acaso. Há causas e todas podem ser identificadas. Houve um tempo em que se afirmava que a maioria tinha sempre razão, mas nesse tempo ainda havia aquilo que Sá Carneiro, em 1976, dizia existir: «Um povo com uma cultura autêntica, não literária, não livresca, mas verdadeiramente humana».
Trinta e três anos depois, onde está esse povo? Uma parte morreu e outra abstém-se, refugia-se, isola-se e pertence a uma maioria silenciosa, que olha à esquerda e à direita e só vê corrupção, com chefes políticos atolados na lama e demasiado comprometidos uns com os outros, para poderem livremente falar.
Esse povo sabe que a cidade definhou, que o mundo rural desapareceu e que o novo sindicato de voto está, essencialmente, nos bairros sociais e no que de mais negativo existe na periferia e nas redondezas suburbanas.
Esse povo sabe que houve um regime onde havia segurança, mas onde faltava liberdade e percebe que vive hoje num regime onde existe liberdade, mas onde falta a justiça. E esse povo, no qual se integram as elites, tem consciência que liberdade sem justiça não é liberdade – é pura ilusão de liberdade. É nesta realidade que vivemos!
Manuel Monteiro, in Sol

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Há oito anos a luta fazia-se em Rossas, Arouca...

Quase, quase, a completarem-se oito anos sobre o começo dos trabalhos do primeiro troço (Ribeira de Tropeço - vila de Arouca) da futura Via Estruturante Arouca - Feira, o Diário de Aveiro dá-nos, mais uma vez, nota de uma contestação idêntica àquela que a população de Rossas travou então relativamente ao traçado que hoje serpenteia o vale desta freguesia do concelho de Arouca. Porém, no caso da freguesia de Branca, e contráriamente ao que então sucedeu em Arouca, é muito distinta a atenção dispensada aos argumentos de quem contesta o traçado.

EP manifesta disponibilidade para reavaliar traçado da A32
Responsável da EP de Aveiro diz que o processo “não está fechado”. Presidente da Câmara de Albergaria solidário com luta da população da Branca
A Estradas de Portugal (EP) está disponível para reavaliar o traçado previsto para a Auto-estrada 32, na freguesia da Branca, em Albergaria-a-Velha, que há mais de um ano tem vindo a ser contestado pela população, adianta a agência Lusa. A informação foi transmitida anteontem pela directora da Delegação Regional de Aveiro da EP, Ângela Sá, aos responsáveis da Associação do Ambiente e Património da Branca (AURANCA), que promoveu uma caravana automóvel entre Albergaria-a-Velha e Aveiro. O protesto, que juntou perto de uma centena de viaturas, serviu para, mais uma vez, contestar a decisão do Governo e da EP de manter o traçado da A32 a nascente daquela freguesia, denominado de “alternativa 5”. “O processo não está fechado. Nós [EP] estamos sensíveis com a vossa luta e estamos disponíveis para reavaliar o traçado”, disse Ângela Sá. Antes do encontro, em Aveiro, com a responsável da EP, os manifestantes foram recebidos, em Albergaria-a-Velha, pelo presidente da autarquia local, João Agostinho. O autarca, recentemente reeleito pelo PSD, reafirmou a solidariedade da Câmara com o protesto, realçando que o actual traçado “vai destruir irreversivelmente toda uma paisagem maravilhosa que existe na Branca, além de um conjunto arqueológico, e vai prejudicar o tecido empresarial”. João Agostinho criticou ainda a existência no projecto de “um viaduto megalómano, com quase um quilómetro, que vai passar por cima de um conjunto de habitações e vai trazer um impacto visual àquela freguesia muito mau”.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O pluralismo sempre foi negado por aqueles que querem destruir o passado e construir utopias. Não devemos permitir que isso aconteça na Europa
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Os juízes de Estrasburgo proibiram a exposição de crucifixos nas escolas. Na Turquia proibiriam a meia-lua e em Israel a estrela de David. Há já quem peça a supressão do Natal e, segundo a mesma lógica, do Yom Kippur e do Ramadão. Tudo em nome da laicidade do Estado. O que se passa é que, no mundo, o Estado não significa apenas Estado central. Também são "Estado" as regiões, os concelhos, as comunidades autónomas, as associações religiosas e culturais em que são delegadas funções públicas de acordo com o princípio da subsidiariedade.
Numa Europa multiétnica e multirreligiosa continuam a ser importantíssimas as velhas nações e as formações que têm por base valores, normas e símbolos tradicionais. Proibi-los por irritarem, perturbarem e incomodarem alguém significa impedir que comunidades inteiras continuem a ser elas mesmas; é negar o pluralismo.
A história mostra-nos que o pluralismo sempre foi negado por aqueles que querem destruir o passado e construir utopias. Os espanhóis anularam as civilizações pré-colombinas, a Revolução Francesa até mudou o nome dos anos e dos meses. Os comunistas soviéticos impuseram o ateísmo. Nos estados islâmicos totalitários, quem mostrar uma Bíblia vai preso. A utopia leva ao totalitarismo.
Significará isto que os filósofos e os juristas dos direitos humanos têm uma mentalidade totalitária? Se quiserem realizar a utopia de impedir que qualquer indivíduo possa ser perturbado pelo comportamento real ou simbólico de outro indivíduo, sim.Para conseguirem contentar toda a gente têm de proibir tudo: usos e costumes, valores, até mesmo as línguas de outros povos. Enquanto os grandes impérios persa, romano e britânico deixavam viver os cultos, as tradições e as línguas, os nossos visionários são impiedosos. E não apenas em relação às dimensões das ervilhas e das laranjas, mas também aos símbolos religiosos e até à linguagem. Em determinados países não se pode dizer "sexo"; tem de se dizer "género", para não ofender ninguém.
Após os totalitarismos jacobino, marxista, nazi e muçulmano, pode vir a nascer um totalitarismo eurocrático. Acena com promessas utópicas, destrói as instituições do passado e impõe o seu poder. Ensinados pela história, tentamos impedir que isso aconteça, estamos atentos e somos desconfiados. É certo que somos europeus, mas, por favor, conservemos as nossas tradições, as nossas línguas, e até mesmo as nossas fraquezas e os nossos preconceitos. E, se tentarem impor-nos alguma coisa à força, devemos dizer que não.
Francesco Alberoni, Jornal I

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009