sábado, 30 de abril de 2011

quinta-feira, 28 de abril de 2011



Patos, Marque Municipal de Arouca

terça-feira, 26 de abril de 2011

A propósito dos limites do concelho de Arouca

No meu último artigo sobre a importância da nossa imprensa escrita, referi que: «quem julga poder conhecer alguma coisa sobre o nosso presente e poder projectar e perspectivar o nosso futuro sem conhecer o nosso passado, segue por caminhos tortuosos…» Pois bem! Os assuntos relacionados com os limites e delimitação do nosso concelho são disso, porventura, o melhor exemplo. Talvez dos assuntos mais controvertidos e que mais se arrastam no tempo de forma indefinida, suscitando novas e mais controvérsias sempre que retomados. O caso particular dos limites da freguesia de Rossas na Serra da Freita e, também assim, do concelho de Arouca com o vizinho de Vale de Cambra, é dos mais antigos e, por isso, paradigmático.
Decorria ainda a Reconquista de Portugal, quando a rainha Dona Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques, terá fundado duas Albergarias, que a neta Dona Mafalda, também dita rainha, aumentou depois: uma na serra de Fuste e outra na parte de Rossas. Daquela, subsiste ainda hoje pelo menos um vestígio e o próprio topónimo da freguesia da Serra; quanto à de Rossas, apenas ficou a tradição de ter existido ao lado da estrada que do Merujal seguia para o Porto, tendo desaparecido no dealbar do século XVIII. Já então a freguesia de Rossas se estendia até ao alto da Freita, portanto!
Também aos primórdios da Nacionalidade remonta a presença da Ordem de Malta, entre nós. Para pôr termo a violentas contendas entre Cavaleiros da Ordem e os criados da Abadessa Dona Mafalda, justamente por causa daquela última Albergaria, se estabeleceram pazes com Rossas por 60 anos, corria o ano de 1234. Vigorava ainda aquele pacto quando faleceu Dona Mafalda e o seu sobrinho, el-rei D. Afonso III, ordenou que se entregasse ao Convento o que lhe era devido, reconheceu-lhe todos os seus direitos na terra de Arouca e ordenou que se delimitasse o seu termo dos das terras de Santa Maria, Fermedo, Cambra, Lafões, Paiva e Alvarenga. Remonta a 1257 a primeira delimitação das terras de Arouca, nomeadamente com as terras de Cambra, portanto!
Em 1629 o então Comendador de Rossas ordenou a Demarcação dos limites da sua Comenda, mandando levantar marcos de pedra, com aquela data e a Cruz de Malta em relevo. Iniciou-se a dita Demarcação em Janeiro de 1630, faltando à mesma os representantes do Convento e de São Miguel de Urro. Tudo decorreu com normalidade desde a Pedra Má até ao alto da Freita, prosseguindo junto à Capela da Senhora da Lage, onde se levantou um dos referidos marcos. Quando os vizinhos se deslocaram à Capela já o marco se encontrava levantado. Depressa se instalou a confusão e o sino começou a tocar a rebate! Rossas estava a apropriar-se da Capela pertencente a Urro! Estaria mesmo? Não! Porém, ainda hoje há quem diga que sim. Tanto há e tanto houve que, em 1656, São Miguel de Urro e o Convento, como se adivinhava, solicitaram esclarecimento dos limites das suas terras com as da Comenda. No entanto, os populares permaneceram na ignorância, primeiro sem saber e depois sem ler, sobre o que ficou escrito nos Autos. Partiram-se os marcos junto à Capela. Deixaram-se, no entanto, os marcos que estendiam Rossas ao canto do Merujal, onde ainda hoje se encontra o marco, com a data de 1629, levantado em 1630.
Já na primeira metade do século passado a Direcção Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas, rogava ao Ministério do Interior providenciasse para que fosse feita a delimitação dos concelhos de Arouca, Vale de Cambra e São Pedro do Sul, cujos limites entre si não se encontravam estabelecidos. Como terá sido possível, nomeadamente a passagem de Covelo de Paivô daquele último concelho para o de Arouca, em 1917, sem que se estabelecessem rigorosamente os limites das duas circunscrições?
Em sequência de tais ajustes, Manuel Rodrigues Simões Júnior, mestre doutros ofícios, mas, curioso destas coisas, viu-se obrigado a patrocinar a defesa dos interesses de Arouca, quando viu a Frecha da Mizarela e as Pedras Parideiras serem cobiçadas pelo município vizinho de Vale de Cambra. Socorreu-se então das ordens expedidas por D. Afonso III, para esclarecer tratar-se de território de Arouca desde, pelo menos, 1257.
Entretanto, tal como a letra dos pergaminhos de D. Afonso III, permaneceu morta a letra dos Tombos de Rossas até meados do século passado, altura em que Domingos de Pinho Brandão, vocacionado para outros ofícios, mas, interessado por estes assuntos, "desenterrou" os Autos em Coimbra, "ressuscitou" a sua letra e foi para o terreno reconstituir os limites da freguesia e inventariar os marcos. Depressa correu o boato de que o futuro bispo de Rossas andava a tentar recuperar a Capela para a sua freguesia, já que segundo a memória e tradição popular, bastava que um padre ou a Cruz de Rossas entrasse na Capela, para que esta passasse automaticamente a pertencer a Rossas. Seria mesmo assim? Não. Mas, pasme-se, ainda hoje há quem diga que sim.
Pasme-se também, e para além de tudo, que entrados já no século XXI, as próprias entidades oficiais, digam que se encontram por resolver problemas de estremas que se encontravam pendentes há décadas e também por esclarecer, entre outras, está a zona das Pedras Parideiras e da Aldeia da Castanheira, estando em causa a paz com Vale de Cambra, como se deduz do que referiu o então e actual presidente da Câmara de Arouca, em finais de 2008. Por essa razão e nessa mesma altura, Artur Neves anunciou como iminente um acordo sobre os limites com Vale de Cambra, informando que a própria Câmara havia remetido para a sua congénere Cambrense a proposta final que posteriormente haveria de ser ratificada pelos respectivos executivos e, mais tarde, pelas Assembleias Municipais e Assembleias das freguesias envolvidas, nomeadamente, as de Chave, Urrô, Rossas, Albergaria da Serra, Arões, Vila Cova de Perrinho, Macieira de Cambra, Rôge e Cepelos.
O edil arouquense referiu então que as negociações decorreram de forma pacífica, tendo havido apenas algumas resistências em terrenos baldios nas zonas serranas, pelo que se haviam decidido por um processo de decisão e acordo ao mais alto nível, envolvendo directamente os presidentes de Câmara, com muitos encontros no próprio terreno para fazer avançar as delimitações. Pelo que concluiu estar convencido que a solução final está a contento de todas as partes envolvidas.
Por estes dias, ultrapassada que está já a primeira década deste século, a Câmara Municipal retomou o assunto. Pelo que se aguarda com justificada expectativa seja tornado público o dito acordo.


publicado no jornal semanário "Discurso Directo", número 155

quarta-feira, 20 de abril de 2011



Rio Urtigosa, Rossas, Arouca

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A nossa imprensa escrita como património cultural

Tendo tido a honra de ser convidado pelo meu amigo e novo director do Discurso Directo a colaborar com este sempre que tenha disponibilidade e entenda oportuno, - o que temo não faça com muita regularidade - quero começar por referir-me, justamente, aos jornais da nossa terra e a todos quantos ao longo de várias décadas asseguraram a quase ininterrupta existência de impressa escrita em Arouca. Nem todas as terras, e nomeadamente os concelhos vizinhos, podem orgulhar-se deste feito e, principalmente, da forma tão rica como acontece no nosso concelho, desde, pelo menos, 1882, ano em que deu à estampa O Comércio de Arouca, considerado o primeiro jornal publicado entre nós.

Quem julga poder conhecer alguma coisa sobre o nosso presente e poder projectar e perspectivar o nosso futuro sem conhecer o nosso passado, segue por caminhos tortuosos… Conhecer ou estar ao alcance da história e das estórias da nossa terra e das nossas gentes é, por isso, fundamental. Porém, esta nem sempre está e nem sempre esteve ao nosso alcance, a não ser, quase exclusivamente, por via dos jornais que muitos ilustres e menos ilustres, mas, todos igualmente importantes – porque à luz da história lhes é devida a mesma justiça - tiveram a ousadia de fundar e a coragem de dirigir e redigir. A estes, devemos a oportunidade da informação e da formulação de melhores opiniões, tantas vezes à boleia das opiniões por eles veiculadas, que não raras as vezes ousamos criticar e diminuir sem fazer a justiça de admitir que não menos vezes a luzinha que em nós se acendeu a eles se deveu.

Os homens presentes, principalmente os homens públicos, não conseguiram até hoje reconhecer, homenagear e imortalizar esses homens pretéritos e contemporâneos, nem tão pouco lembrar, recordar e perpetuar os importantes repositórios da história e estórias da nossa terra, em que os jornais, uns após outros, acabaram por se constituir. Não conseguiram até hoje fazer uma justa homenagem a esses homens, por essas funções e qualidades. E o mesmo em relação aos próprios jornais. Não há uma medalha. Não há um nome de Rua. Não há uma nota escrita. Em suma, não conseguiram dar sinais de democracia e estabelecer bases para a democratização cultural, neste domínio.

Por outro lado, os jornais publicados em Arouca, desde O Comércio de Arouca, passando pela Voz de Portugal, O Arouquense, O Garoto, A Aurora, O Chicote, Semanário Republicano, A Gazeta de Arouca, Jornal Jovem de Alvarenga, Cruz de Malta, Defesa de Arouca, Jornal de Arouca, Roda Viva, entre muitos outros, constituem hoje um acervo passível de classificação e inventariação, nomeadamente pela sua extensão e o que nele se reflecte do ponto de vista da nossa memória colectiva, mas, também pela sua importância do ponto de vista da investigação histórica, que, indubitavelmente, possui um inestimável valor cultural. Mas, também neste particular, nenhuma iniciativa e/ou diligência se conhece por parte do Município, a quem, em primeira instância compete cuidar no sentido de garantir o direito à fruição dos bens que integram ou devem integrar o nosso património cultural.

Cabe dizer que o maior acervo de jornais de Arouca, constituído pela quase totalidade dos números publicados, existe na Associação para a Defesa do Património Arouquense, que recolhe, inventaria e organiza todos os jornais, com sensibilidade e preocupação pela salvaguarda e valorização do património cultural, como realidade da maior relevância para a compreensão, permanência e construção da identidade e para a democratização da cultura, tal qual preconiza a Lei que estabelece as bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural. Porém, como é óbvio, em exclusiva disponibilidade e fruição dos seus associados.

publicado no jornal semanário "Discurso Directo", número 152

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Dizia Eça de Queirós, em 1871: "Estamos perdidos há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. ...Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o país está perdido! Algum opositor do actual governo? Não! "

Desta vez, Sim! Desta vez, muitos!

domingo, 10 de abril de 2011

domingo, 3 de abril de 2011

Boca do Inferno, Cascais






sábado, 2 de abril de 2011