domingo, 29 de outubro de 2017

Ainda sobre os incêndios.

Neste fim de Verão... - ou início de Outono, pelo calendário - reaparece em toda a sua força a vaga de incêndios que nos últimos anos vêm despindo o país da sua riqueza vegetal.
Pensariam alguns que o Verão já tinha passado, poupando-nos à cíclica tragédia. Mas a estação prolongou-se e os fogos surgiram consumindo florestas e searas.
Particularmente sacrificadas, mais uma vez, foram as terras do centro interior. Mas o Norte e o Sul, incluindo o Algarve, não escaparam.
Em alguns casos as chamas chegaram a atingir habitações. E houve até uma mulher que morreu carbonizada.
A hipótese, em algumas situações confirmada, de que muitos destes fogos têm origem criminosa, é colocada todos os anos. Apontam-se mesmo dedos acusadores na direcção de grupos económicos aos quais o crime indirectamente aproveita.
Só que todos os anos os fogos se reacendem. E mais ou menos nas mesmas regiões. Muitos interrogar-se-ão como pode ainda haver fogos florestais depois de tudo quanto já ardeu.(...) E. Brito

Este texto podia ter sido escrito há quinze dias, mas foi escrito há 34 anos! Está nas páginas do Jornal de Arouca, n.º 157, de 16 de Outubro de 1983. 

Na verdade, aquilo que muitos, principalmente políticos, apontam como inédito - quanto ao tempo, às causas e consequências - é já coisa de muitos anos, com a diferença de que hoje as matas estão menos limpas, mas, por outro lado, também existem mais meios de combate. Talvez a causa - mas também a solução - esteja mesmo no que então não se falava e hoje ainda se fala pouco: na (des)organização da floresta.