domingo, 27 de janeiro de 2008

Torre dos Mouros

A denominada Torre dos Mouros, situa-se no lugar de Lourosa de Campos, Freguesia do Burgo, na antiga Quinta de Lourosa, Quinta da Torre ou, como mais recentemente se denomina (por os locais atribuírem a Torre aos mouros), Quinta dos Mouros.
Trata-se de um imóvel quadrangular, de três pisos, estilo gótico, onde existiu uma cisterna, hoje aterrada, com seteiras e mata-cães.
Segundo Simões Júnior, pertenceu a Soeiro Nunes, "militar de Caambara", que a empenhou ao Mosteiro de Paço de Sousa, por escritura de 27 de Março de 1264, mas logo em 26 de Junho do mesmo ano emprazou-a a D. Paio Pais e ao Convento de Paço de Sousa, para a entregar definitivamente, e sem qualquer condição, a este Convento em 10 de Março de 1283.
Pela divisão das mesas do Mosteiro de Paço de Sousa em abacial e conventual, ficou a Quinta de Lourosa a pertencer aos jesuítas e mais tarde à Universidade de Coimbra, que a vendeu.
Nogueira Gonçalves, aponta tratar-se de uma «...sede de largo domínio agrícola, exposta ao sol, vigiando os terrenos de cultura, podendo, em caso de emergência, defender-se de inimigos».
O edifício actual é uma reconstrução a remontar a finais do séc.XIV, atendendo ao estilo e até à forma de uma inscrição aí existente, onde este último autor refere ter descodificado referência à «Era do milésimo trecentésimo e nonagésimo segundo (anno), isto é, ano vulgar de 1354».
Mostra-se já hoje bastante alterada, conforme se pode verificar pela entrada actual, no segundo piso, servida por rude escadaria, que resultou da transformação de uma antiga janela, e se reclama como lado principal da Torre. Quando na verdade, a frente da Torre é o seu lado nascente, onde no piso térreo se encontra a entrada principal, em arco ogival.
Vista por fora, cada lado da torre apresenta-se da seguinte forma: A fachada norte apresenta apenas uma janela no terceiro piso; a fachada nascente recorta-se na base, a meio, do arco de entrada, ogival, janela rectangular no segundo piso, posta levemente do meio para sul, mais para a esquerda deste lado, uma janela ogival a servir o terceiro andar; na fachada sul apenas a janela rectangular do último piso, posta a meio e fechada agora; a fachada poente, que erradamente se toma por principal, apresenta o acesso directo ao segundo piso, e logo por cima, no último andar, a janela geminada e um balcão coberto logo pela nossa esquerda.
Apesar da sua comprovada antiguidade, singularidade, e dos vários elementos que a integram, esta Torre persiste por classificar. Parece-me, portanto, justificável que a Junta de Freguesia ou da própria Câmara Municipal tomem iniciativa de a fazer integrar no rol de monumentos classificados, de forma a legitimar maior salvaguarda e motivar melhor preservação. O seu estado actual simplesmente o exige e justifica.
"Sacudir a água do capote" com a desculpa de que a Torre se encontra em propriedade privada, não colhe. Dado que este facto, também não tem sido impeditivo de a fazer incluir nos mapas turísticos de Arouca. Sendo certo que não será muito aconselhável divulgar locais ou imóveis, nomeadamente com objectivos turísticos, que depois se encontram interditos ao público.
Trata-se de um imóvel, manifestamente subaproveitado, que em muito pode contribuir para enriquecer o património e interesse turístico daquela freguesia em particular e do concelho de Arouca em geral.
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Post scriptum - A propósito da visita de Cavaco Silva ao Mosteiro de Arouca, no seu Roteiro pelo Património, aos responsáveis e políticos locais exige-se um bocadinho mais do que as palmas de circunstância e o colocar-se a jeito para a fotografia. Exige-se deitar os olhos sobre o tema, ver o que tem sido bem e/ou mal feito, procurar saber o que se anda a fazer relativamente à salvaguarda e valorização do nosso património e, nomeadamente, "apontar o dedo" e "arrepiar caminho" relativamente ao que está por fazer. De contrário, nada se retira do evento presidido pelo Presidente da República. A menos que encarem a visita do chefe de estado, como um passeio.
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A propósito, "A Função Patrimonial do Estado", por Jorge Ferreira, no "Aveiro".

Pinturas do séc. XVII levadas da igreja paroquial de Rossas há cerca de cinquenta anos

H�� cerca de um ano, e no ��mbito do trabalho ���Rossas ��� Invent��rio Natural, Patrimonial e Sociol��gico���, descobrimos o paradeiro de uns pain��is pintados a ��leo que remontam ao s��c.XVII, e que, na opini��o de Sim��es J��nior, ter��o sido pintados por Diogo Teixeira, que em 1596-1597 se encontrava a trabalhar para o Convento de Arouca.
Trata-se especificamente de cinco pain��is em madeira, de cores fortes e vivas, alusivos �� Anuncia����o, Circuncis��o e Nascimento de Jesus. Tivemos ainda not��cia da exist��ncia de um outro alusivo a Nossa Senhora da Concei����o, mas que, tal como o alusivo ao Nascimento de Jesus, n��o tivemos oportunidade de identificar.
S�� algumas das pessoas mais idosas da freguesia de Rossas conservam na mem��ria a exist��ncia destes pain��is, contando a filhos, netos e bisnetos, que tais quadros ter��o sido levados para o Porto por Dom Domingos de Pinho Brand��o e n��o mais regressaram, caindo no esquecimento e incerteza sobre o seu paradeiro.
De facto, assim ter�� acontecido h�� cerca de cinquenta anos, era Dom Domingos de Pinho Brand��o Reitor do Semin��rio Maior do Porto. Por essa altura, e por iniciativa deste futuro Bispo auxiliar da Diocese do Porto, preparava-se a instala����o e inaugura����o de um Museu de Arqueologia e Arte Sacra no Semin��rio Maior do Porto. Dom Domingos, sempre interessado e apaixonado, principalmente pela Arqueologia e Arte Sacra, recolheu algumas pe��as, um pouco por toda a Diocese do Porto, com vista �� sua melhor salvaguarda e conserva����o. Os referidos pain��is ter��o sido levados com id��ntica inten����o.
Contudo, muito por certo devido �� personalidade em causa e ao respeito que lhe guardavam, nunca o procedimento foi questionado, nem ficou qualquer registo relativo ��s obras levadas, a que t��tulo e durante quanto tempo. N��o encontramos na freguesia e, principalmente, na igreja ou arquivo desta, qualquer documento que fa��a refer��ncia ��quelas obras e a este acontecimento em particular.
Assim, e com o passar dos anos, sem qualquer tipo de refer��ncia mais dif��cil se vinha a tornar identificar os referidos pain��is, fosse qual fosse o paradeiro dos mesmos. Acresce que, no seu actual paradeiro, tamb��m n��o existe qualquer refer��ncia �� sua origem. Apenas se sabe que foram para ali levados por Dom Domingos de Pinho Brand��o, entre 1954 e 1958.
A somar ao facto de n��o ter ficado nenhuma refer��ncia em Rossas, nem se ter acautelado qualquer refer��ncia no seu actual paradeiro, est�� o facto de os pain��is em quest��o, permanecerem em sala anexa ao actual Museu e, por isso, fora do percurso de visita, desde que para ali foram levados, saindo apenas e pontualmente para algumas exposi����es.
Tudo somado, sem um ou outro elemento mais preciso, jamais seria poss��vel chegar at�� eles e identific��-los como tendo pertencido �� igreja paroquial de Rossas.
Sucede que, nas muitas pesquisas encetadas, descobrimos, em notas esparsas de Sim��es J��nior (de que existe c��pia na Associa����o para a Defesa do Patrim��nio Arouquense), uma rela����o dos objectos de Arouca, expostos pela Associa����o Cat��lica do Porto na Exposi����o Mariana, no ano de 1954. Nessa rela����o encontramos elementos mais concretos, como a identifica����o e medidas, das pinturas pertencentes �� par��quia de Nossa Senhora da Concei����o de Rossas, presentes nessa exposi����o.
A partir daqui, f��cil se tornou juntar as pe��as do puzzle, entretanto recolhidas (aliadas a uma relativa coincid��ncia da altura em que os pain��is, segundo algumas pessoas, ter��o sido retirados da igreja, com a funda����o daquele Museu por Dom Domingos) e fazer-se ao caminho.
Depois de v��rias tentativas, fomos visitar o referido Museu e procurar saber do paradeiro dos tais pain��is. Num primeiro instante, e depois de passar por algumas pinturas que nos disseram serem as ��nicas, o desalento apoderou-se de n��s. No entanto, surgiu uma r��stia de esperan��a quando, dizendo exactamente ao que ��amos, nos foi informada a possibilidade dos referidos pain��is se encontrarem numa sala anexa e interdita ao p��blico.
A empatia que entretanto se gerou abriu-nos as portas da referida sala. Depressa dois dos almejados pain��is se mostraram evidentes no meio doutras pinturas, imagens e v��rias pe��as de Arte Sacra. Nesse preciso momento, dissemos a medida de dois dos pain��is que, medidos na presen��a dos respons��veis pelo Museu e para surpresa dos mesmos, se confirmaram pelo cent��metro exacto.

Descoberto o paradeiro de, pelo menos, tr��s dos pain��is em causa, remetemos um pedido ao Reitor do Semin��rio Maior do Porto, no sentido de nos serem fornecidas fotografias ou dada autoriza����o para fotografar as pinturas, com vista a reproduzir no trabalho referido, sobre a freguesia de Rossas. Por outro lado, foi nossa inten����o motivar a coloca����o de r��plicas dessas pinturas na igreja paroquial de Rossas e legendar umas e outras com a men����o �� sua perten��a primitiva e paradeiro actual. Correspondendo assim ��quele que julg��mos ser o interesse da popula����o e par��quia de Rossas, embora o nosso principal interesse, apenas hist��rico e patrimonial, se encontre j�� satisfeito com a descoberta.
Sobre a possibilidade desses pain��is regressarem �� Igreja de Rossas, parece-nos que muito dificilmente vir�� a acontecer, dado n��o haver nenhum documento, em Rossas ou no Museu, que refira aquela perten��a, a que t��tulo e durante quanto tempo foram cedidos. Contudo, temos a certeza que haver�� sempre a possibilidade de serem emprestados para exposi����es pontuais.
Uma vez obtida resposta positiva ao pedido feito ao Reitor do Semin��rio Maior do Porto, demos conta desta ao Reverendo P��roco de Rossas para que lhe desse o seguimento que tivesse por conveniente.
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Assim como no trabalho referido, sobre este assunto escrevo na primeira pessoa do plural.

sábado, 26 de janeiro de 2008

(foto "Roda Viva")

"Um bastonário que gosta de se ouvir"

"De um bastonário da Ordem dos Advogados espera-se (mais) cuidado na forma como usa da palavra em nome dos advogados, isso não significa o silêncio mas que diga o que tem a dizer com base em facto(s) e onde deve ser dito. O que António (Marinho Pinto) disse numa entrevista à Antena 1, foi demasiado grave para que escolhesse uma rádio, deveria juntar as provas que tem e ir à PGR. De um bastonário espera-se mais do (que) atoardas que ele próprio gosta de ouvir." in "Jumento", com alterações minhas.
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Apesar do muito de verdade que existe nas declarações de Marinho Pinto, subscrevo o referido supra e reitero o que disse aqui.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Shout Out Louds


segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Avizinha-se o fim do requisito dos 5000 militantes

Desde o começo da polémica que defendo a substituição pelo requisito de um número mínimo de votos nas eleições parlamentares. E defendo concretamente um mínimo de 50.000 votos numa das três primeiras eleições parlamentares a que concorra. Pelo que, apesar de integrar um (ainda) pequeno partido, mas não padecer dos mesmos medos denunciados por Vital Moreira, subscrevo-o.
Será que os partidos da velha Democracia se aperceberam que também não era desta forma que iriam silenciar, nomeadamente, o Partido da Nova Democracia, e estão, agora, a procurar atenuar o impacto da apresentação de 5000 militantes ao Tribunal Constitucional por parte deste partido, com o qual, cada vez mais, se revelam incomodados? Tarde de mais! Oxalá não revele este pequeno partido mais legitimidade para existir, que muitos que por aí andam desde Abril.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Sem dúvida, o senhor!


Para tentar agradar a Gregos e a Troianos...

Sete presidentes de Juntas do PSD ausentaram-se, no momento da aprovação das Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2008, em sede de Assembleia Municipal. Pretenderam estes senhores exactamente isso. Agradar a Gregos e a Troianos.
Sempre houve, ao longo dos tempos, quem procurasse contrariar aquele adágio. Porém, quase nunca com este único objectivo. O que faz com que não haja relatos de quem o tenha feito com sucesso ou sem que a sua honorabilidade não tenha saído beliscada.
Coitado do político que não saiba ou consiga fazer valer os seus argumentos e sustentar as suas tomadas de posição. Coitado do politico e da “pessoa que lhe veste a pele” que tenha necessidade de se socorrer daquele tipo de expedientes para viabilizar o seu programa e interesses.
Coitadas das estruturas partidárias que apoiam ou, pelo menos, não condenam este tipo de comportamento.
Coitada de uma Assembleia que não repudie veementemente esta forma de proceder dos seus membros.
Por muito maus caminhos vai uma terra que aceita de forma pacífica esta falta de carácter, frontalidade e sinceridade daqueles a quem conferem competência para traçar rumo.
No fundo o que aqui está em causa é uma flagrante falta de capacidade para “separar ou saber separar as águas”. Mas, é uma coisa para a qual todos têm contribuído. No entanto, agora de forma mais flagrante e descarada.
Como apreciava o voto contra ou a favor destes presidentes com a respectiva declaração de voto defendendo a sua tomada de posição, salientando os aspectos positivos e os aspectos negativos do Plano e Orçamento e, eventualmente, fazendo uma ou outra alegação de carácter estritamente político. Porque, de facto, e ao abrigo do enquadramento legal em vigor, estamos a falar de deputados especiais. Deputados aos quais, devido a essa mesma qualidade, se exige esse tipo de trabalho e não outro. Em última instância, e eventualmente, até poderiam abster-se; ausentar-se é que não.
Enfim! Resta esperar que tanto “Gregos” como “Troianos” não se manifestem agradados com tal comportamento. Embora, já a montante, lhes fosse exigido demonstrar não se sentirem aliciados com eventuais tomadas de posição deste género.