domingo, 27 de janeiro de 2008

Pinturas do séc. XVII levadas da igreja paroquial de Rossas há cerca de cinquenta anos

H�� cerca de um ano, e no ��mbito do trabalho ���Rossas ��� Invent��rio Natural, Patrimonial e Sociol��gico���, descobrimos o paradeiro de uns pain��is pintados a ��leo que remontam ao s��c.XVII, e que, na opini��o de Sim��es J��nior, ter��o sido pintados por Diogo Teixeira, que em 1596-1597 se encontrava a trabalhar para o Convento de Arouca.
Trata-se especificamente de cinco pain��is em madeira, de cores fortes e vivas, alusivos �� Anuncia����o, Circuncis��o e Nascimento de Jesus. Tivemos ainda not��cia da exist��ncia de um outro alusivo a Nossa Senhora da Concei����o, mas que, tal como o alusivo ao Nascimento de Jesus, n��o tivemos oportunidade de identificar.
S�� algumas das pessoas mais idosas da freguesia de Rossas conservam na mem��ria a exist��ncia destes pain��is, contando a filhos, netos e bisnetos, que tais quadros ter��o sido levados para o Porto por Dom Domingos de Pinho Brand��o e n��o mais regressaram, caindo no esquecimento e incerteza sobre o seu paradeiro.
De facto, assim ter�� acontecido h�� cerca de cinquenta anos, era Dom Domingos de Pinho Brand��o Reitor do Semin��rio Maior do Porto. Por essa altura, e por iniciativa deste futuro Bispo auxiliar da Diocese do Porto, preparava-se a instala����o e inaugura����o de um Museu de Arqueologia e Arte Sacra no Semin��rio Maior do Porto. Dom Domingos, sempre interessado e apaixonado, principalmente pela Arqueologia e Arte Sacra, recolheu algumas pe��as, um pouco por toda a Diocese do Porto, com vista �� sua melhor salvaguarda e conserva����o. Os referidos pain��is ter��o sido levados com id��ntica inten����o.
Contudo, muito por certo devido �� personalidade em causa e ao respeito que lhe guardavam, nunca o procedimento foi questionado, nem ficou qualquer registo relativo ��s obras levadas, a que t��tulo e durante quanto tempo. N��o encontramos na freguesia e, principalmente, na igreja ou arquivo desta, qualquer documento que fa��a refer��ncia ��quelas obras e a este acontecimento em particular.
Assim, e com o passar dos anos, sem qualquer tipo de refer��ncia mais dif��cil se vinha a tornar identificar os referidos pain��is, fosse qual fosse o paradeiro dos mesmos. Acresce que, no seu actual paradeiro, tamb��m n��o existe qualquer refer��ncia �� sua origem. Apenas se sabe que foram para ali levados por Dom Domingos de Pinho Brand��o, entre 1954 e 1958.
A somar ao facto de n��o ter ficado nenhuma refer��ncia em Rossas, nem se ter acautelado qualquer refer��ncia no seu actual paradeiro, est�� o facto de os pain��is em quest��o, permanecerem em sala anexa ao actual Museu e, por isso, fora do percurso de visita, desde que para ali foram levados, saindo apenas e pontualmente para algumas exposi����es.
Tudo somado, sem um ou outro elemento mais preciso, jamais seria poss��vel chegar at�� eles e identific��-los como tendo pertencido �� igreja paroquial de Rossas.
Sucede que, nas muitas pesquisas encetadas, descobrimos, em notas esparsas de Sim��es J��nior (de que existe c��pia na Associa����o para a Defesa do Patrim��nio Arouquense), uma rela����o dos objectos de Arouca, expostos pela Associa����o Cat��lica do Porto na Exposi����o Mariana, no ano de 1954. Nessa rela����o encontramos elementos mais concretos, como a identifica����o e medidas, das pinturas pertencentes �� par��quia de Nossa Senhora da Concei����o de Rossas, presentes nessa exposi����o.
A partir daqui, f��cil se tornou juntar as pe��as do puzzle, entretanto recolhidas (aliadas a uma relativa coincid��ncia da altura em que os pain��is, segundo algumas pessoas, ter��o sido retirados da igreja, com a funda����o daquele Museu por Dom Domingos) e fazer-se ao caminho.
Depois de v��rias tentativas, fomos visitar o referido Museu e procurar saber do paradeiro dos tais pain��is. Num primeiro instante, e depois de passar por algumas pinturas que nos disseram serem as ��nicas, o desalento apoderou-se de n��s. No entanto, surgiu uma r��stia de esperan��a quando, dizendo exactamente ao que ��amos, nos foi informada a possibilidade dos referidos pain��is se encontrarem numa sala anexa e interdita ao p��blico.
A empatia que entretanto se gerou abriu-nos as portas da referida sala. Depressa dois dos almejados pain��is se mostraram evidentes no meio doutras pinturas, imagens e v��rias pe��as de Arte Sacra. Nesse preciso momento, dissemos a medida de dois dos pain��is que, medidos na presen��a dos respons��veis pelo Museu e para surpresa dos mesmos, se confirmaram pelo cent��metro exacto.

Descoberto o paradeiro de, pelo menos, tr��s dos pain��is em causa, remetemos um pedido ao Reitor do Semin��rio Maior do Porto, no sentido de nos serem fornecidas fotografias ou dada autoriza����o para fotografar as pinturas, com vista a reproduzir no trabalho referido, sobre a freguesia de Rossas. Por outro lado, foi nossa inten����o motivar a coloca����o de r��plicas dessas pinturas na igreja paroquial de Rossas e legendar umas e outras com a men����o �� sua perten��a primitiva e paradeiro actual. Correspondendo assim ��quele que julg��mos ser o interesse da popula����o e par��quia de Rossas, embora o nosso principal interesse, apenas hist��rico e patrimonial, se encontre j�� satisfeito com a descoberta.
Sobre a possibilidade desses pain��is regressarem �� Igreja de Rossas, parece-nos que muito dificilmente vir�� a acontecer, dado n��o haver nenhum documento, em Rossas ou no Museu, que refira aquela perten��a, a que t��tulo e durante quanto tempo foram cedidos. Contudo, temos a certeza que haver�� sempre a possibilidade de serem emprestados para exposi����es pontuais.
Uma vez obtida resposta positiva ao pedido feito ao Reitor do Semin��rio Maior do Porto, demos conta desta ao Reverendo P��roco de Rossas para que lhe desse o seguimento que tivesse por conveniente.
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Assim como no trabalho referido, sobre este assunto escrevo na primeira pessoa do plural.

1 comentário:

Paulo Teixeira disse...

quero aproveitar para "Os" congratular por esta descoberta.....