segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

PORTO NO MEU RUMO I

Há sete anos a esta parte, por força dos estudos e trabalho, passo mais tempo na cidade do Porto, que no meu torrão natal, a freguesia de Rossas, no concelho de Arouca.
Neste sentido, também esta cidade tem um lugar importante no rumo que estou a tomar. Pelo que, tentarei dar aqui algum enfoque a aspectos que nele interferem e, aos espaços por onde o levo, outros que me despertam a atenção e outros que procuro por razões várias, mormente relacionadas com o lazer, história e Direito.
Enfim, ao Porto como o vejo!
a Ponte D. Luiz I vista por mim, como muitas vezes a vejo ao descer de Gaia para a marginal do Porto.

Conhecida por "Ponte Luiz I", esta ponte foi construída de acordo com o projecto do Eng.º Teófilo Seyrig que trabalhou, igualmente, com Eiffel na Ponte de Dona Maria. Foi inaugurada em 31 de Outubro de 1886 pelo próprio rei D. Luís.
A Ponte de D. Luís - que vei substituir a Ponte Pénsil, da qual ainda subsistem os pilares da margem do Porto, conforme se pode ver na foto - é constituída por um arco de ferro e cinco pilares e tem a particularidade de ter dois tabuleiros metálicos com 8m de largura cada. O tabuleiro superior tem 395 metros de comprimento e o inferior 174 m. A ponte é uma auténtica filigrana de ferro - particularmente bela com iluminação nocturna - e, juntamente com a
Torre dos Clérigos
, é um dos ex-libris da cidade do Porto.
Para além do mais, a Ponte de D. Luís permitiu a ligação viária desafogada entre as zonas baixa e alta de Vila Nova de Gaia e do Porto e, duma forma mais geral, entre o norte e o sul do país, durante largas décadas. A partir da segunda metade do século XX, no entanto, começou a revelar-se insuficiente para assegurar só o trânsito automóvel entre as duas margens.

Actualmente, o tabuleiro superior está, exclusivamente, destinado ao Metro de superfície e trânsito de peões. O trânsito de automovéis é, agora, feito pelo tabuleiro inferior.

a Ponte do Infante vista por mim, como muitas vezes a vejo e por onde muitas vezes passo duma para a outra margem.

A Ponte do Infante, batizada em honra do Infante D. Henrique, nacido no Porto, é a mais recente e, segundo muitos, a mais esbelta ponte que liga Porto e Gaia. Foi construída para substituir o tabuleiro superior da Ponte D. Luís, entretanto convertida para uso da "Linha Amarela" (Hospital de São João/Santo Ovídio) do Metro do Porto.
Foi construída pouco a montante da Ponte de D. Luís, em plena zona histórica, ligando o bairro das Fontaínhas (Porto) à Serra do Pilar (Vila Nova de Gaia
).
A ponte é constituída por uma viga com 4,5 m de altura apoiada num arco flexivél com 1,50 m de espessura. Trata-se duma ponte à cota alta com uma extensão de 371 m e 20 m de largura no tabuleiro. Apresenta uma solução de arco semellante à adoptada pelo enjenheiro suíço Robert Maillart nas suas pontes alpinas, com uma flecha de 11,2 m para um vão de arco com 280 m, o que - como já é tradição nas pontes entre o Porto e Gaia
- constituiu um record mundial nesta tipología de pontes.
Tem duas faixas de rodagem em cada sentido, com 3,25 m cada, e um separador central com 1 m de largura. A iluminação está colocada à cota baixa, permitindo uma perfeita iluminação da via, sem sombras.

as Pontes Dona Maria Pia e de São João vistas por mim, da marginal do Porto.

A Ponte de Dona Maria Pia, assim chamada em honra de Maria Pia de Sabóia, é uma obra de grande beleza arquitectónica de autoria de Gustave Eiffel e construída entre Janeiro de 1876 e 4 de Novembro de 1877. Foi a primeira ponte ferroviária a unir as duas margens do Douro.
No último cartel do século XX tornousse evidente que a vella ponte já não respondia de forma satisfatória às necesidades. Dotada duma só linha, obrigava à passagem duma composição de cada vez, a uma velocidade que não podia ultrapasar os 20 km/h e com cargas limitadas.
Encontra-se desactivada desde que foi substituída pola moderna Ponte de São João. Ninguém tem dúvidas sobre a enorme riqueza deste património, mas tal não tem impedido que a Ponte de Dona Maria se vá degradando ano após ano, sendo que ainda não foi definida uma utilização prática para lle dar.

Tal como a Ponte da Arrábida, também a Ponte de São João foi da autoria do Eng.º Edgar Cardoso. É uma ponte ferroviária e foi construída para substituir a centenaria Ponte de Dona Maria Pia.
Ao contrário das outras pontes construídas até à data, a Ponte de São João não é em arco, mais adopta uma solução em pórtico, com três vãos - dois de 125 m e um de 250 m - apoiados em dois majestosos pilares fundados no leito do rio. Fazendo juizo ao seu nome, a ponte foi inaugurada no dia de São João (24 de Junho) de 1991.
Tal como a Ponte da Arrábida, à data da sua inauguração, também a Ponte de São João com o seu vão central constituiu um recorde mundial neste tipo de pontes.

Solar de Bonjóia, visto por mim.

Um sitio agradável para um passeio de domingo. Para além do solar (foto), a Quinta de Bonjóia possuí um grande jardim com uma paisagem bastante agradável sobre o Douro. Às quintas-feiras à noite realizam-se as famosas tertúlias de Bonjóia, com entrada gratuíta.

Tudo seria ainda mais agradável se possuísse um cafézito! Não há sítios perfeitos! Mas, vale a pena!

Como conheci Bonjóia?

Vai para um ano, andava eu a trabalhar em "Rossas - Inventário Natural, Patrimonial e Sociológico" e surgiu a necessidade de saber um pouco mais sobre o nome «Aranha» e «Aranha Brandão», que encontro no lugar da Cavada (Rossas), com grandes propriedades e a ostentar os títulos de Capitão-mór e Sargento-mór da Companhia das Ordenanças da Ordem militar e religiosa de Malta, quando, de ascendente em ascendente, fui parar a Bonjóia, pela "mão" do cónego Fernão Aranha.

Nos fins do século XIV, existia ali uma quinta, que pertencia ao Chantre Martim Viegas. Por sua morte, ficou para Maria Martins e seu marido Afonso Dinis. Foram estes que a doaram ao Cabido da Sé do Porto, com a obrigação de algumas missas (31 de Dezembro de1402). No século seguinte, foram sucessivamente enfiteutas Álvaro Gonçalves Almotim, o Mestre Escola da Sé Diogo Dias e o Cónego Afonso Luiz. Este último, por ausente do Porto, renunciou em favor do Arcediago do Porto. A 9 de Julho de 1479, foi celebrado novo contrato, agora com o Cónego Fernão Aranha, novo enfiteuta do prazo de Bonjóia, pelo foro de mil reis em dinheiro e oito galinhas por ano, prazo renovado a 14 de Abril de 1502, em sua sobrinha (ou filha?) Mécia Aranha, mulher de Manuel Gonçalves, Cidadão do Porto, em cuja descendência permaneceu até aos meados do século XVIII.
Em 1758, a Quinta foi adquirida por Dom Lourenço Amorim da Gama Lobo. Natural de Ponte de Lima, era Fidalgo-Cavaleiro da Casa Real, Senhor da Casa do Campo das Hortas (na Praça Nova, hoje da Liberdade – edifício entretanto demolido, para a abertura da Avenida dos Aliados). No Porto, foi ainda Prior da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo (1757-1758), Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, Cavaleiro Professo na Ordem de Cristo e Mestre-de-Campo de Infantaria Auxiliar do Porto. Casou por cá, com Dona Maria Violante Guimarães, filha de João Antunes Guimarães, importante negociante do Porto, cuja quinta confrontava a Poente com Bonjóia.
Foi Dom Lourenço Amorim da Gama Lobo quem mandou construir a Casa actualmente existente. A obra de pedraria foi executada por Miguel dos Santos, contratado a 1 de Março de 1759. O risco foi atribuído por Robert Smith ao italiano Niccolò Nasoni, celebrado autor da Torre dos Clérigos, Palácio do Freixo e fachada da Igreja da Misericórdia, a quem também atribuíra a autoria das Quintas da Prelada (dos Noronha e Menezes) e de Ramalde (dos Pereira Leite), com parecenças nítidas com a Casa de Bonjóia.
O edifício nunca foi concluído, faltando-lhe a ala Nascente, cujos arranques ainda lá estão. A porta principal volta-se para Norte, para a Rua de Bonjóia, onde Dom Lourenço quis marcar a sua propriedade e fidalguia, com as o seu brasão-de-armas: esquartelado, I Amorim, II Gama, III Lobo, IV Magalhães. Contudo, é o alçado Sul do edifício que maior grandeza possui, mesmo faltando-lhe a torre e corpo Nascente. A sua localização é estratégica, voltando-se para um patamar de jardim e para o Vale de Campanhã, com o Douro como fundo.
Após a morte de Dom Lourenço, sucedeu-lhe na Casa o filho Dom António Amorim da Gama Lobo, casado com Dona Maria do Carmo de Portugal e Menezes, da Casa da Torre da Marca. Como não lhes sobreviveu qualquer filho, os bens vinculados passaram para a irmã Dona Maria Antónia de Amorim e os restantes (a Quinta de Bonjóia incluída) para a viúva. Desta, foi herdeira uma sobrinha, Dona Maria da Natividade Guedes de Portugal e Menezes, filha dos 1. os Viscondes da Costa, que veio a casar com um seu parente, o Conselheiro José Guedes Brandão de Mello, também da Torre da Marca, de quem teve três filhos: Dom Sebastião Brandão de Mello (Conde de São Vicente, pelo seu casamento com a 9.ª titular), Dom Francisco Brandão de Mello e Dom José Brandão de Mello. Embora todos tenham casado, só este último deixou descendência, que acabou vendendo a Quinta ao Juiz Abílio Augusto Mendes de Carvalho, em 1935.
Nas décadas que se seguiram, a casa sofreu algumas alterações pontuais e, sobretudo, uma enorme degradação, estando meia arruinada quando, em 1995, foi adquirida pela Câmara Municipal do Porto. Depois de algumas obras de restauro, tem servido de sede a fundações do foro social, primeiro a Fundação para o Desenvolvimento Social do Vale de Campanhã , actualmente a Fundação para o Desenvolvimento Social do Porto .
(Texto de: Manuel de Sampayo Pimentel Azevedo Graça).

Barcos Rabelo vistos por mim, no Cais de Gaia

A origem deste tipo de barco causa alguma divergência, na medida em que há quem suponha que o mesmo tenha vindo das terras frias do Norte e outros do tépido Mediterrâneo oriental. Mesmo assim, a hipótese que parece ter mais adeptos, dadas as circunstâncias especiais de construção desta embarcação, é a que nos leva de encontro aos velhos e famosos Vikings. No caso concreto do rio Douro, tem-se conhecimento da sua existência por altura do século IX, isto através da doação de Ordonho II dada em Crestuma e inserida no Livro Preto da Sé de Coimbra. Após a formação da nacionalidade portuguesa são muitos os documentos que se referem ao barco típico do Douro, o qual se tornou num verdadeiro símbolo desta região.
Este é um barco de rio de montanha, com fundo chato, tendo como leme uma peça comprida e grossa em forma de pá ou remo, quase do seu tamanho, a que se dá o nome de espadela. É o tipo de barco apropriado para navegar em águas pouco profundas, sendo de salientar o seu comportamento nas zonas de fortes rápidos.O nome rabelo deriva da configuração do barco, com a sua imensa espadela, em forma de rabo.

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