quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Biblioteca D. Domingos de Pinho Brandão

Faz esta semana precisamente 11 anos, sobre a data em que foi assinado um acordo entre o Reitor do Seminário Maior do Porto e o Presidente do Centro de Estudos D. Domingos de Pinho Brandão, pelo qual a biblioteca que perteceu a Dom Domingos e que este legou ao Seminário Maior do Porto, regressava à sua terra e seria instalada numa das dependências do Convento de Arouca, onde se encontra sediado aquele Centro.
Contudo, volvidos que estão 11 anos após a assinatura desse acordo, esse espólio, à semelhança desse Centro que, actualmente, mais parece não existir, ainda não viu a luz do dia. Continuando abandonado em caixotes amontoados num recanto das instalações administrativas do Museu de Arte Sacra, no Convento de Arouca. Situação que, envergonhando aquele Centro, tem obstaculizado o acesso ao mesmo.
Dom Domingos, certamente, jamais imaginou tão desinteressante fim para os estudos a que afincadamente se entregou e para os documentos que com tanto zelo reuniu e guardou.
É, por isso, inadmissível que se esteja a desbaratar um espólio de considerável valor de uma das personalidades mais importantes de Arouca. E, neste particular, tanto é responsável aquele Centro, que não deu seguimento aos proclamados objectivos, como o Seminário Maior, que não acautelou a prossecução dos mesmos, garantindo àquele espólio o fim adequado e condigno.
Pelo que, por outro lado, lamentável se torna, continuarmos a ver, neste caso como em muitos outros, pessoas que em lugar de servir, se servem e entravam que outros possam servir.
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Tal é o estado actual da coisa, que não me admirava nada e até aplaudia que a familia do extinto bispo, natural da freguesia de Rossas, viesse a terreiro reclamar melhor tratamento para o espólio desse seu familiar.
Penso mesmo que, à semelhança daquilo que sucedeu com a Casa do Marinheiro, em Avanca, hoje Casa Museu Doutor Egas Moniz, também a Casa do Outeiro, em Rossas, poderia vir a transformar-se em Casa Museu D. Domingos de Pinho Brandão, recolhendo aí todo um espólio que algumas instituições não têm sabido e querido valorizar.
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Por outro lado, também à Câmara Municipal cabe alguma responsabilidade neste como noutros casos em que para além de permitir ou ignorar o desbaratar do espólio de alguns ilustres e empenhados conterrâneos nossos, nada faz para lhes conferir uma prateleira mais condigna na nossa biblioteca e referências na nossa história. Porque, a história de uma terra, muito em particular da nossa, não se faz apenas pelo aspecto natural ou patrimonial, mas, também, e acima de tudo, pela perpectiva daqueles que nela tiveram destacado papel activo ou, para o seu conhecimento e bom nome contribuiram.

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