sexta-feira, 23 de março de 2012

Últimas escavações na Praça Brandão de Vasconcelos revelam ossadas humanas

Um achado recente de partes de esqueletos humanos, anteriores à edificação da antiga igreja de São Bartolomeu de Arouca, foi revelado esta semana.
Decorreu no passado dia 22 de Março uma visita guiada às obras de regeneração da Praça Brandão de Vasconcelos, no centro histórico da vila de Arouca, em que o objectivo da autarquia foi dar a conhecer os achados arqueológicos, com destaque para as fundações da antiga igreja paroquial de São Bartolomeu e para dois vestígios recentes de ossadas, anteriores à construção do templo. Para a comitiva estavam convidados os membros da Assembleia Municipal, os comerciantes da zona envolvente às obras, e a associação que mais tem contestado a opção urbanística de alteração daquele espaço central. «Quisemos que se evitasse mais especulação a propósito das revelações que um jornal local [o RV] deu ao apresentar fotografias de ossadas, que não eram humanas», afirmou Artur Neves no local.
Os trabalhos de arqueologia decorrem já desde o passado mês de Novembro, num acompanhamento «exaustivo» em todas as frentes de obra, havia já referido o mesmo autarca na última Assembleia Municipal. «A equipa técnica tem trabalhado de forma altamente profissional, sob a coordenação dos arqueólogos Helena Marçal e João Rebuge», dá conta a Câmara em comunicado distribuído à comunicação social.
A existência das fundações do templo era já conhecida da equipa, que aponta como ano provável de construção 1515, não excluindo a possibilidade de ali ter existido uma construção anterior, do século XIII. O edifício terá sido demolido entre 1883 e 1890, e parte da pedra daí proveniente terá servido para construir a base de assentamento do chafariz, bem como parte da torre sineira da capela da Misericórdia e ainda um muro de suporte no actual cemitério municipal.
No espaço entre as fundações da igreja e a capela da Misericórdia foi ainda identificado um alinhamento de pilares, que, tudo indica, delimitariam uma arcada, que poderia separar o que seria entendido como espaço religioso e profano. «Sempre dissemos que este local escondia mais achados preciosos e por isso sempre fomos contra esta regeneração. Se mais procurássemos mais vestígios poder-se-iam encontrar, pois num passado distante as pessoas eram enterradas com os seus pertences mais valiosos», adiantou Cláudia Pinho, da associação ‘Centelha da Memória'.
A confirmar esta ideia, está o facto de no passado dia 20 de Março, terça-feira, um novo achado permitiu aprofundar o estudo do espaço - partes de ossadas humanas - que os especialistas apontam como sendo anteriores à edificação da igreja, já que surgem apenas parcialmente. Numa das valas, surge apenas a parte inferior de um esqueleto, e em outra, dois crânios. «Apesar da maioria dos cadáveres do antigo cemitério terem sido transladados para o actual local, é natural que estes dois, que estão a uma cota inferior, tivessem ficado para trás, pois estavam abaixo mesmo da antiga igreja», contou a arqueóloga Helena Marçal.
Foi já possível determinar que as ossadas são anteriores ao século XVI, sendo difícil datá-los com exactidão, processo que decorrerá, após o levantamento, em laboratório próprio.
O estudo do local deverá prolongar-se por mais de um mês, e o destino a dar aos achados será determinado pelo IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico), que prossegue, juntamente com a equipa de arqueólogos, o acompanhamento também nos restantes espaços da obra de requalificação. GCCMA/RV 2012-03-24

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