quinta-feira, 9 de julho de 2009

Cidadão politicamente independente...

Ao fim de trinta anos constato que nunca me candidatei a qualquer cargo associativo ou político por livre e espontânea vontade. Sempre fui desafiado e/ou convidado entre os meus a dar uma ajuda e sempre fui encaixando uma ou outra actividade, um ou outro cargo, com um (apercebo-me agora) esquisito espírito de missão e colaboração. Por ser um percurso essencialmente derivado de confiança, aposta e reconhecimento por parte de terceiros, é com uma certa vaidade que o constato. Espero ter conseguido corresponder sempre com entusiasmo, dedicação, abnegação, independência e desinteresse.
Com aquele mesmo espírito, exerço, ainda e actualmente, os cargos de presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Grupo Cultural e Recreativo de Rossas, presidente da Mesa da Assembleia-Geral da Associação para a Defesa do Património Arouquense e Vice-presidente da Direcção da Federação das Associações Juvenis do Distrito de Aveiro. Também com espírito idêntico exerço o cargo de presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Circulo Eleitoral de Aveiro do Partido da Nova Democracia e integro a Direcção Nacional deste mesmo partido. E, tudo isto, para além de tudo o mais.
Nos últimos dias, e por força dos actos eleitorais que se aproximam, vi-me forçado a decidir sobre dois convites e novos desafios. Ao mesmo tempo, perguntei a mim mesmo se não era chegada a altura de assumir uma candidatura a algum órgão autárquico, por livre e espontânea vontade.
Não, ainda não é chegada a hora e não vou ser candidato ao quer que seja por iniciativa própria, assim como já declinei os dois amáveis convites que me fizeram, para integrar uma lista às Legislativas e um outro para integrar uma lista a uma Assembleia de Freguesia. Talvez a forma e o modus com que a politica interessada e interesseira se processa nos dias que correm, me estejam a fazer perder o entusiasmo. É tudo muito desonesto e pouco verdadeiro. Como disse Eça de Queirós no já longínquo ano de 1871 «O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos já não se crê na honestidade dos homens públicos...»
A actividade profissional e até os pequenos hobbies têm-se revelado bem mais interessantes. De tal maneira que, independentemente de qualquer resultado eleitoral, fixo o dia 11 de Outubro próximo como o fim de um ciclo e o dia em que passarei a ser um cidadão politicamente independente.
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Post scriptum - A talhe de foice, um artigo de JPP sobre a causa das coisas...

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