sábado, 9 de maio de 2009

Património esquecido e desvalorizado...

Mamoas da Aliviada, Escariz
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Quem passa pela freguesia de Escariz, no concelho de Arouca, nomeadamente pela rotunda da Abelheira (EN 326) e pela EB 2,3 de Escariz, tem a oportunidade de observar as réplicas de Mamoas que aí edificaram(simbolo heráldico da freguesia) e fica com a sensação que esta autarquia respeita, protege e promove devidamente o objecto das suas parangonas, o seu património arqueológico. No entanto, assim não sucede e o património megalítico existente nesta freguesia permanece abandonado, desrespeitado e cada vez mais degradado. Lá diz o ditado que nem tudo o que parece é. Neste particular o ditado aplica-se, fica muito mal à freguesia de Escariz e pessimamente ao concelho de Arouca.

O conjunto megalítico em causa começou a ser trazido à luz do dia nas férias da Páscoa de 1957, altura em que o sacerdote e professor do Seminário Maior do Porto, Domingos de Pinho Brandão, promoveu a escavação de diversos monumentos megalíticos nas freguesias de Escariz e São Miguel do Mato. Nesse ano, foram escavadas em Escariz, entre outras, a Mamoa 1 da Aliviada, Mamoa 2 da Aliviada, Mamoa 7 da Aliviada, Mamoa 1 do Coval, Mamoa 3 do Coval, Mamoa 2 da Venda da Serra e Mamoa 3 da Venda da Serra. A importância dos achados então trazidos à luz do dia por aquele ilustre arouquense levou mesmo a autarquia a levantar nas principais entradas da freguesia - vaidosas, mas legítimas - placas de betão com os dizeres: «CONJUNTO MEGALÍTICO DE ESCARIZ», hoje ilegíveis pelo passar do tempo e manifesto desmazelo da autarquia local.

António Silva, Coordenador da Carta Arqueológica de Arouca (motivo de pompa e circunstância da Câmara anterior, mas, pelo menos para já, sem qualquer consequência ao nível da salvaguarda, valorização e promoção do património em causa) escreveu que «...a D. Domingos de Pinho Brandão, falecido em 1988 como Bispo Auxiliar do Porto está reservado lugar de fundamentado destaque na arqueologia de Arouca...» Pena que, entretanto, os de nosso tempo, não estejam à altura de dar continuidade a esse trabalho ou, no mínimo, respeitar o trabalho que aquele desenvolveu.

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