domingo, 18 de maio de 2008

Museu Municipal

Finalmente, hoje, dia 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus, foi inaugurado o Museu Municipal de Arouca que, ao que se pretende fazer querer, �� agora mais ambicioso que o simples Museu Etnogr��fico que come��ou por se idealizar. �� o que se depreende das palavras de Jos�� Artur Neves, presidente da C��mara Municipal, ao dizer que ��Com a abertura do novo espa��o queremos criar uma esp��cie de rede museol��gica concelhia que congregue a nossa diversificada oferta��. ��Temos condi����es, a partir de agora, para criar um modelo em rede com n��cleos bem evidentes e j�� com muitos visitantes��, sublinhou Jos�� Artur Neves.
.
Numa primeira nota, dizer que �� com agrado que vejo esta C��mara, na sequ��ncia da linha tra��ada pela anterior, diga-se, ter alguma sensibilidade pela museologia e, atrav��s desta, promover a recolha e preserva����o de pe��as, utens��lios e espa��os com interesse museol��gico, evitando, assim, o total desaparecimento de parte importante da identidade do nosso concelho e das nossas gentes. No dizer de Ant��nio Teixeira Fernandes, ���� medida que o mundo ocidental foi descobrindo o sentido da hist��ria e a sua import��ncia para a identidade dos povos, entregou-se �� constitui����o de museus��, ��O museu ��, em simult��neo, um condensador de hist��ria e um aproximador de culturas.��

Se, �� semelhan��a do que j�� havia sido feito relativamente �� Arte Sacra, havia terra necessitada de dar este passo, essa terra era Arouca. S��o vastos os motivos, o esp��lio e argumentos com interesse museol��gico. E, na estrat��gia de turismo que os nossos pol��ticos dizem querer e estar a prosseguir, esta �� uma aposta fundamental.

No entanto, o edif��cio do extinto e ef��mero Mercado Municipal readaptado para cumprir esse desiderato ��, no meu ponto de vista, um passo pouco ambicioso e a repensar a muito curto prazo. Ter�� sido, talvez, a melhor solu����o para tentar resolver dois problemas de uma forma mais pac��fica. Mas, pela sua dimens��o e localiza����o, imagino-o readaptado a uma finalidade mais viva. Por outro lado, e no meu entender, todos os motivos de interesse museol��gico encontram melhor sede em muitos dos espa��os devolutos e desaproveitados do Mosteiro e propriedades anexas. N��o concebo outra reutiliza����o e revitaliza����o de parte significativa do Mosteiro que n��o passe pela museologia. Por isso��� E se h�� terra que n��o necessite de ter v��rias ���capelinhas��� para cumprir esta finalidade, essa terra �� Arouca.

Para o fim agora concebido, o edif��cio acabou por n��o ser suficientemente readaptado. O que se constata no facto de o visitante ter que fazer ���invers��o de marcha��� nos dois pisos, e na falta de coloca����o de uma divis��o de pisos na parte interior aberta, onde se desaproveita parte significativa do espa��o. Se n��o fosse este o fim e o im��vel requeresse manter a sua tra��a original, diria que a readapta����o est�� excelente! Com acabamentos de qualidade e sem adulterar a fisionomia original. Porventura, uma interven����o deste g��nero no Mosteiro, nunca ser�� t��o feliz.

Depois, ��Museu Municipal�� �� manifestamente excessivo para os temas museol��gicos que a�� se alojaram. Arouca n��o �� apenas Etnografia (stricto sensu), Arqueologia e Geologia! Mas, num aparente paradoxo, se mesmo s�� destas ��reas a�� se pretendesse alojar todo o esp��lio j�� existente, o espa��o n��o seria suficiente. Portanto! �� uma esp��cie de Museu que aparentando alojar tudo, d�� abrigo a pouca coisa de uma pequena parte da museologia arouquense.
�� certo que s�� uma parte �� permanente e a outra, servindo exposi����es tempor��rias, poder�� cumprir a abrang��ncia que o nome sugere. Mas, desta forma, poder�� a inten����o museol��gica servir os presentes e n��o chegar aos vindouros. O vasto esp��lio museol��gico arouquense, assim como o valor e delicadeza de muitas das pe��as e utens��lios, requer espa��os permanentes e definitivos!

Contudo, e um pouco na linha do discurso do senhor presidente da C��mara, espero que o espa��o agora aberto ao p��blico que, normalmente, nos convida a exerc��cios retroactivos, seja olhado pelos seus respons��veis de uma forma prospectiva. Ou seja: que este espa��o seja apenas o come��o de uma cont��nua recolha de pe��as e alfaias agr��colas e outras condizentes com os temas a�� alojados e, tamb��m assim, a sede de trabalho para iniciativas de sensibiliza����o, recupera����o e revitaliza����o de pequenos p��los museol��gicos em estado e ambiente natural (por exemplo: lagares, alambiques, moinhos, palheiros canastros e respectivas eiras), um pouco por todo o concelho.

Por fim, e apesar do referido, felicito a C��mara Municipal por este primeiro passo na ��rea da museologia que h�� muito urgia dar. Neste caso, pior do que fazer mal (e aqui o mal �� subjectivo), seria nada fazer!

Publicado no Arouca.biz
foto: CMA

Sem comentários: