quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Algumas considerações a propósito do artigo "Manifestação Virtual", da autoria do Prof. José Cerca, publicado no seu blog e a publicar no semanário Discurso Directo, n.º 174, de 23 de Setembro de 2011.


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Caro Prof. Cerca,

Como sabe, até porque tivemos, em tempo, oportunidade de travar um pequeno debate sobre o projecto de requalificação e regeneração urbana do centro histórico da Vila de Arouca, pessoalmente, tenho uma posição relativamente moderada no que diz respeito à contestação da solução encontrada para a regeneração da Praça Brandão de Vasconcelos. De resto, como se pode aferir do artigo que recentemente fiz publicar no semanário “Discurso Directo”.
No entanto, não posso deixar de tecer algumas considerações na qualidade de presidente da Mesa da Assembleia-Geral da ADPA – Associação para a Defesa do Património Arouquense, que, com mais gosto do que justificação, chama à colação:
A apresentação pública do “Ante-projecto da Regeneração Urbana do Centro Histórico da Vila de Arouca” – como então foi denominado – teve lugar no dia 5 de Janeiro de 2010, como refere, às 17h30, facto que não é de somenos importância, pelo menos para mim que, apesar de me interessar pelos assuntos da nossa terra, trabalho fora dela. Mesmo assim, e apesar de ser uma realidade que toca a maior parte dos dirigentes da ADPA, tal facto não foi desculpa para que esta se demitisse das suas responsabilidades e deixasse de prosseguir o seu objecto estatutário.
O Ante-projecto foi objecto de analise e discussão no ponto 3 da Ordem de Trabalhos da Sessão Ordinária da Assembleia Geral da ADPA, realizada em 23 de Março de 2010, ficando já aí assente como posição unânime dos associados então presentes, o apoio a uma intervenção que visasse a regeneração de alguns espaços do centro urbano da vila, nomeadamente do Largo de Santa Mafalda, parte sul do Parque Central e da denominada Zona H7, mas, total reprovação da intervenção na Alameda D. Domingos de Pinho Brandão e da solução encontrada para a Praça Brandão de Vasconcelos.
Em sequência, a Direcção da ADPA, também com base nos contributos recolhidos naquela Sessão da Assembleia Geral, pronunciou-se e fez chegar, em tempo de discussão pública, o seu parecer à entidade competente, bem como à comunicação social local, para publicação e conhecimento geral.
À ADPA restava, pois, aguardar os procedimentos e desenvolvimentos legais e regulamentares do processo, bem como da posição da Câmara Municipal, uma vez recolhidos os contributos e findo o período de discussão pública. Mas esperava mais, deixe-me confessar-lhe! Esperava que as suas posições tivessem algum eco na sociedade civil, forças vivas e políticas, nomeadamente nos partidos da oposição à actual Câmara, para que em sedes próprias se proporcionasse maior e melhor debate até ao esperado “Projecto Final”. Pois acresce referir que, oficial ou oficiosamente, nunca tivemos conhecimento da posição da Câmara Municipal findo o período de discussão, e intuímos que esta permaneceu inalterada, intuição reforçada com a súbita transformação do ante-projecto em projecto, em total desconsideração por quem dele discordou, mesmo que responsável e construtivamente!
No tempo entretanto decorrido, a ADPA reviu-se, entre outras, nas posições assumidas pelos senhores vereadores Manuel Artur Miler e Paulo Teixeira, nas reuniões da Câmara Municipal, mantendo a esperança de que elas viessem a traduzir-se, total ou parcialmente, nos recuos e/ou ajustamentos defendidos pela ADPA. Porém, apesar do seu mérito e pertinência, tais posições, principalmente as referentes à Praça Brandão de Vasconcelos, foram reiterada e sucessivamente levadas de vencido, também por força daqueles membros estarem em minoria naquele órgão.
Dispenso-me de referir omissões e acções entretanto verificadas, que culminaram no abaixo-assinado e na manifestação do passado dia 17 de Setembro (cujas iniciativas não pertenceram à ADPA), referindo apenas que, como comprovam algumas fotografias da manifestação, estiveram presentes nessa acção, “deram o rosto no campo de batalha” (desapropriados termos, diga-se!) e fizeram ouvir a sua voz, as suas justificações e reivindicações, o presidente e o tesoureiro da Direcção, bem como o presidente do Conselho Fiscal da ADPA. O que me parece uma presença suficientemente significativa, tanto mais quando não se limitou a ser passiva.
É o que se me oferece dizer, uma vez que nem tudo foi extemporâneo, nem todos foram irresponsáveis como alude. Antes consequentes e coerentes com posições responsável e construtivamente assumidas em tempo próprio!

Com a habitual consideração,

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